A vida é um plano-sequência, mas a percepção que temos do mundo é fragmentada! Este é um espaço para a reflexão sobre a influência mútua do cinema em nossas vidas e vice-versa.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Filmes de Kieslowski no Sesc

          Mês passado, o Sesc aqui de Londrina organizou uma mostra de cinema contemplando os personagens de Kieslowski. Eu não conhecia quase nada dos filmes dele, mas já tinha ouvido falar muito bem da sua obra. Uma colega que era orientanda do mesmo professor que orientava minha monografia e também a da minha esposa, escreveu a dela fazendo uma análise antropológica da “trilogia das cores” de Kieslowski. Pareceu interessante, então resolvi investigar a procedência (rs). Cheguei a baixar o primeiro da trilogia A Liberdade é Azul (1993). Achei o filme bom. Já tinha nos meus planos, baixar os outros dois da trilogia quando fiquei sabendo dessa mostra.

            Os filmes que fizeram parte da mostra foram: A Cicatriz (1976), Cinemaníaco (1979) e A Dupla Vida de Véronique (1991). As apresentações foram feitas em dias consecutivos e nesta mesma ordem apresentada. Foi engraçado porque na primeira apresentação estávamos nós (eu e minha esposa), o rapaz responsável pela projeção e mais duas ou três figuras atípicas, e só. Isso porque era de graça, imaginem se fosse cobrado (kkk). Gostamos do filme embora tenhamos achado um pouco confuso. Sua linguagem não é muito simples (principalmente para nós modelados nos padrões hollywoodianos de linguagem cinematográfica). É um filme de caráter bastante político que mostra o impacto social da construção de uma mega empresa petrolífera numa cidadezinha pequena.  


          Na noite seguinte voltamos para mais uma sessão. Foi mais engraçado porque, desta vez, só estávamos nós e o projetista. Quando eu vi a cara do filme eu mal pude acreditar. Era um filme que eu tinha começado a ver uma vez na TV. Eu lembro que estava achando super legal, mas já era bem tarde e eu acabei não agüentando assistir. Na época eu trabalhava cedo. Eu acho que passou naquele “Mostra Internacional de Cinema” que passa na Cultura. Aliás, este e o Cine Conhecimento são os melhores programas de exibição de filmes da TV brasileira. Um dia ainda escrevo um post homenageando-os. O duro é que estou sem a TV Cultura e sem o Canal Futura em casa. Aqueles malditos da Net ainda me pagam.
            Enfim, eu não tinha reconhecido o filme porque na Cultura anunciaram como O Amador, e na mostra do Sesc como Cinemaníaco. O filme é simplesmente incrível. Dos filmes que abordam a temática do próprio cinema, este pra mim é o melhor. O cara compra uma câmera pra filmar o nascimento e desenvolvimento da sua filha. Só que aí ele começa a ficar completamente viciado, apaixonado, bitolado em fazer filmes. 
             Filip Mosz, o cineasta amador, é convidado pelo patrão para registrar um evento da empresa em que trabalha. Uma das sacadas mais incríveis é mostrar o gradativo incômodo que a avidez do rapaz por registrar tudo nos mínimos detalhes, começa a causar nas pessoas que ele filma. Para ter uma noção, o bigodudo queria filmar até os convidados entrando no banheiro.
            Filip passa a enxergar as imagens cotidianas como se elas estivessem sendo vistas através da sua câmera. Ele pega o costume de montar enquadramentos com a mão.  Uma das partes que eu pirei de dar risada foi na cena em que ele estava brigando com a mulher. A mulher surtada, xingando ele porque ele estava deixando de dar atenção para ela e até mesmo para a filha por causa do “novo hábito”, e o que o cara faz? No meio da briga e ele enquadra a figura da mulher com os dedos (dando a visualização da cena como que numa pequena tela). Nessa hora ela estava de costas. Mas quando ela se vira para o marido, flagra sua cara de assustado tentando esconder as mãos pra não ser pego. O efeito da cena é devastador. A mulher fica indignada.
            O terceiro filme não deu pra assistir porque eu tive aula no dia, ou qualquer coisa que o valha. Mas acabei baixando pra assistir aqui em casa. Gostei também, mas o melhor até agora foi o Cinemaníaco, ou, como na TV Cultura, O Amador. Acho que este último está mais certo, porque o nome original é Amator. Fica a promessa de assistir os outros dois da “trilogia das cores” para poder fazer futuros comentários. E já que é pra fazer promessas. Estou para assistir o novo filme do Woody Allen que estreou no Cine Comtour, uma sala de cinema aqui de Londrina que é financiada pela Universidade. Assim que assistir eu volto aqui para comentá-lo.

Por Harold

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